segunda-feira, 21 de julho de 2014

     LÍNGUA PORTUGUESA  - 



GÊNEROS TEXTUAIS:

Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos:

1)   Carta: quando se trata de "carta aberta", "carta ao leitor" ou carta a um amigo tende a ser do tipo dissertativo- argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum.



















2) PropagandaÉ um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.

3) HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:   É um gênero narrativo que consiste em enredos contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie de conversação.

4)  Bula de remédio:  É um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento.

















5 )  RECEITA : É  um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.

















6Charge:  É um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande maioria.







































7)  Caricatura     É um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo.
Historicamente a palavra caricatura vem do italiano caricare (carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção).A caricatura é a "mãe"   do expressionismo, onde o artista desvenda as impressões que a índole e a alma deixaram na face da pessoa.
A distorção e o uso de poucos traços são comuns na caricatura. Diz-se que uma boa caricatura pode ainda captar aspectos da personalidade de uma pessoa através do jogo com as formas. É comum sua utilização nas sátiras políticas; às vezes, esse termo pode ainda ser usado como sinônimo de grotesco (a imaginação do artista é priorizada em relação aos aspectos naturais) ou burlesco.

8) Propaganda: É um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.











9) Notícia: Podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos.











10)  Entrevista: É um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos, como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevista médica.   
Exemplos de entrevistas: 
A) ESCRITA:

18 de março de 2014




A 2ª edição da exposição “Retratinho de Amor” tem coquetel de lançamento agendado para o dia 01 de abril, às 19h,  no Shopping Bourbon Wallig - 2ºandar.  A iniciativa é da fotógrafa gaúcha Marcia Beal, especializada em New Born e que em 2013 realizou a primeira exposição de recém-nascidos na capital. As fotos,  de bebezinhos com até 20 dias de vida, foram selecionadas a dedo,  estarão expostas durante todo o mês de abril, no formato  76cm x 1,20cm.

Marcia é membro da ABFRN - Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém Nascidos.



Saiba mais:

A fotógrafa Marcia Beal está há nove anos no mercado.  Em 2009 conheceu o Estúdio Brasil, em São Paulo e, motivada pelo que viu, montou um estúdio de fotografia em Porto Alegre.  Mas foram suas clientes gestantes  que a impulsionaram a ter interesse em fotos de recém nascidos.  Vislumbrou uma nova oportunidade e a partir daí começou a busca por conhecimento. Participou de workshosps de fotógrafos como: Karim Scharf, Cristiano Borges onde conheceu técnicas de como fotografar os bebês com luz natural e com uso de flash.  Segundo Marcia, “trabalhar com New Born foi um divisor de águas em sua carreira”.

b) ENTREVISTA DE EMPREGO:














c) JORNALÍSTICAS:



11)  Tutorial:   É  um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer algo.
significado de injuntivo: imperativo, obrigatório


















12)  Editorial: É um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade.
O editorial está normalmente em Jornais, revistas e artigos de internet.


A) editorial de jornal:

 JORNAL DA MANHÃ \ Editorial :   Um pesadelo ainda vivo




Publicada em 01/04/2014.
      Já se passaram 50 anos do golpe militar no Brasil. Para alguns, apenas um fato histórico contado pelos livros nas salas de aula, para outros a recordação de uma época de dor e tortura, e para a grande maioria a representação de um dos maiores acontecimentos, se não o maior, da história deste País, e que demonstra na realidade um verso muito conhecido do Hino Nacional: " verás que um filho teu não foge a luta." E não fugiram.
Para milhões de brasileiros, relembrar o golpe faz parte de um processo de consolidação da democracia no País.
       Foram estudantes, intelectuais, lideranças políticas e jornalistas que se uniram para derrubar um governo opressor. Os militares chegaram ao poder com ajuda externa, hoje já provada participação ativa  dos americanos nesse processo, já que temiam ver o Brasil virar uma grande Cuba. Financiado pelos EUA, o golpe tinha tudo para ser uma arma manipuladora do povo. Tinha. E foi. Por 21 anos. E só não foi mais, porque muitos brasileiros que não aceitaram tal situação e lutaram pela volta da democracia e pelos direitos do cidadão.
       Mas, não antes de o País manchar a sua história com sangue de brasileiros derramado, muitos deles mortos na época e até hoje jamais encontrados. Isso porque em 13 de dezembro de 1968 o Ato Institucional nº5 (AI5), o mais cruel dispositivo utilizado pela ditadura, entrou em ação, suprimindo os direitos políticos dos cidadãos por 10 anos em caso de manifestação contra o regime e determinou que prisões poderiam ser feitas sem o respeito aos direitos legais. O Congresso permaneceu fechado por um ano.
       E assim o País caminhava. Pouco articulada e sem apoio da população, que desfrutava uma euforia do crescimento da economia, vendida pelo governo através da manipulação dos grandes meios de comunicação, a oposição foi rapidamente sufocada. Mortos, torturados, desaparecidos e exilados só aumentavam.
           Intelectuais importantes foram obrigados a fugir e viver no exterior e quem ficou, sucumbiu. 50 anos depois tudo é história, mesmo com feridas abertas, corpos enterrados em covas clandestinas, famílias que ainda choram seus entes, túmulos ainda vazios. Fantasmas do passado que andam pelos corredores de  uma história que não será esquecida, de um pesadelo ainda vivo. Enquanto isso, o País espera pela Copa do Mundo.

B) EDITORIAL DE REVISTA: O DESCASO DO SERVIÇO PÚBLICO




             Cenas deploráveis de cidadãos se espremendo, lutando, desmaiando, para tomar diariamente o transporte público, repetem-se quase sem parar nas principais capitais do país, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Trens, ônibus, metrôs, nada funciona direito ou à altura de responder à demanda. A qualidade do atendimento é precária. A malha é  insuficiente. E o volume de verbas para investimento é sorrateiramente desviado em boa parte por esquemas de corrupção como o que ocorreu nas últimas duas décadas no metrô paulista. O resultado está aí! Como motor econômico do Brasil, São Paulo oferece rotineiramente o quadro mais desumano desse drama. ­Usuários tratados como gado, sem opção, levam horas para chegar a seu destino dentro de locomotivas insalubres ou escassos ônibus – ambos sempre abarrotados de passageiros, tornando insuportável o ar que se respira ali dentro. A frequência com que essas unidades de transporte quebram ou experimentam pane do sistema é enorme. E o índice de reposição dos veículos segue baixíssimo. Na capital paulista inovaram na ação: em vez de atacarem o problema, autoridades preferiram centrar fogo na consequência. Criaram as chamadas “faixas de ônibus” em praticamente todas as ruas – espécie de outdoor de medida populista – que vivem vazias por falta justamente de ônibus suficientes. Enquanto isso, o caos toma conta das demais vias, mais congestionadas do que nunca por ausência de um planejamento sério que dê vazão ao trânsito. Seria mais eficaz, e menos conturbado, primeiro dotar a cidade de uma frota capaz de desafogar as linhas. Mas na base do “quanto pior, melhor”, tornando infernal o tráfego, o alcaide paulista buscou por caminhos tortos sua intenção de ter mais e mais passageiros usando o transporte público. O objetivo seria louvável e uma realidade até desejável – a exemplo do que ocorre nas maiores capitais globais –, caso o aparato do sistema e a infraestrutura do entorno estivessem funcionando em condições adequadas para atender o público adicional. Mal e porcamente dá conta do número atual de usuários. Como promover tamanha migração diante do evidente descaso com que são tratados aqueles que dependem desses meios de locomoção? A solução da nó do transporte público é uma questão urgente. Que deve ser encarada com seriedade pelos governantes. Vale lembrar que, na origem das manifestações de rua, no ano passado, foi essa a primeira bandeira que inflamou os protestos.

c) EDITORIAL DA INTERNET: 
  • A SEMANA > EDITORIAL
  • |  N° Edição:  2314
  • |  28.Mar.14 - 20:50
  • |  Atualizado em 21.Abr.14 - 14:26











"A INTERNET GANHA SUA CARTA MAGNA"
Carlos José Marques, diretor editorial.

Foram mais de dois anos de negociações, discussões sobre princípios e estudos legais, mas finalmente o que já vem sendo chamado de Carta Magna da internet brasileira começa a sair do papel para tomar sentido prático. A Câmarados Deputados, após idas e vindas protelando o assunto por interesses políticodiversos e lobbies comerciais de toda ordem, votou e aprovou por aclamação na semana passada o texto do Marco Civil. Ele disciplina o funcionamento da rede em variados aspectos: do policiamento sobre conteúdos impróprios aos direito  e deveres de usuários, provedores, empresas de telecomunicação e todo o vasto universo de tráfego nesse ambiente. É um avanço e tanto! Mais um passo civilizatório para um país que em poucos anos mergulhou de cabeça na era digital, converteu-se em um dos maiores mercados de internautas e, inexplicavelmente, estava até agora sem um arcabouço regulatório que orientasse a atividade. O projeto ainda segue para avaliação e sanção no Senado antes de entrar em vigor. Mas o simples fato de parlamentares chegarem a um entendimento em torno de uma proposta comum significou grande progresso. O relator da “Constituição da Internet”, o deputado petista Alessandro Molon, diz que o feito consolida uma posição de destaque do Brasil nesse campo. E, de fato,não é menos que isso. Países como os EUA, por exemplo, ainda patinam no campo das regras de uso da rede e não raramente cometem, de forma deliberada, atentados como o da recente invasão de e-mails de chefes de Estado. O Brasil, por sua vez, terá através do Marco Civil mecanismos eficazes para coibir abusos e vai, principalmente, conseguir estabelecer o tão esperado princípio da neutralidade na rede. Esse é o princípio que proíbe provedores de mudar a velocidade de conexão ou cobrar preços distintos de acordo com o conteúdo acessado. A igualdade está preservada. Bem como aspectos como liberdade de expressão, privacidade, guarda de dados e comercialização, que também foram contemplados dentro dos critérios mais modernos possíveis. O usuário, grande beneficiário da nova lei, terá mais força e voz no sistema e encontrará, daqui por diante, canais legais eficazes para buscar seus direitos. A lei, inegavelmente necessária, veio para ficar e seus efeitos benéficos serão rapidamente sentidos por todos. 



13) POEMA:    Trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos, pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazer parte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de sua estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspectos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero.





















14))     POESIA:  ´È o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma linguagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados). Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal. 


























15)  ABAIXO- ASSINADO:  é um tipo de solicitação coletiva feita em um documento para pedir algo de interesse comum a uma autoridade ou para manifestar apoio a alguém ou demonstrar queixa ou protesto coletivo.


1) CONTO:

CONTO é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o 
romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.
Grande flexibilidade
Por outro lado, o conto é um gênero literário que apresenta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica. Os historiadores afirmam que os ancestrais do conto são o mito, a lenda, a parábola, o conto de fadas e mesmo a anedota.
O primeiro passo para a compreensão de um conto é fazer uma leitura corrida do texto, do começo ao fim. Através dela verificamos a extensão do conto, a quantidade de parágrafos, as linhas gerais da história, a linguagem empregada pelo autor. Enfim, pegamos o “tom” do texto.
O conto e suas demarcações
O ato de contar histórias remonta a épocas antigas dentre a história da humanidade. A verdade é que a maioria das pessoas, em um determinado momento de sua existência, já teve a oportunidade de se entreter em meio às encantadoras ou até mesmo às horripilantes histórias contadas pelos nossos antepassados, não é mesmo? Quando nos reportamos à referida ocorrência, sabemos que toda história se perfaz de um encadeamento de fatos, e que estes ao serem narrados vão conferindo sentido ao enredo e envolvendo o interlocutor mediante os acontecimentos. Tal particularidade permite que o conto, didaticamente, pertença ao chamado gênero narrativo consoante aos padrões estabelecidos pela Literatura.
Como dito anteriormente, o conto tem origem antiga. Sua manifestação está condicionada desde as narrativas orais dos antigos povos proferidas em noites de luar, passando pelas narrativas dos bardos gregos e romanos, lendas orientais, parábolas bíblicas, novelas medievais, fábulas de Esopo e La Fontaine, até chegar aos livros, os quais, atualmente, fazem parte do nosso conhecimento.
Analisemos, pois, de modo particular cada um dos traços demarcadores do gênero em questão:
Enredo – Trata-se da história propriamente dita, na qual os fatos são organizados de acordo com uma sequência lógica de acontecimentos. Ao nos referirmos a essa logicidade, estamos também nos reportando à ideia da verossimilhança.
Mesmo em se tratando de fatos ficcionais (inventados), o discurso requer uma certa coerência, com vistas a proporcionar no leitor uma impressão de que os fatos, situados em um dado contexto, realmente são passíveis de acontecer. O enredo compõe-se de determinados elementos que lhe conferem a devida credibilidade, fazendo com que se instaure um clima de envolvimento entre os interlocutores para que a finalidade discursiva seja realmente concretizada. Vejamos:
O conflito talvez seja a parte elementar de toda essa “trama”, pois é ele que confere motivação ao leitor/ouvinte, instigando-o a se envolver cada vez mais com a história. E para que haja essa interação, os fatos se devem a uma estruturação do próprio enredo, assim delimitada:
A introdução (ou apresentação) – Geralmente, constitui o começo da história, na qual o narrador apresenta os fatos iniciais, revela os protagonistas e eventualmente demarca o tempo e/ou espaço. Trata-se de uma parte extremamente importante, haja vista que tende a atrair a atenção do leitor, situando-o diante do discurso apresentado.
A complicação (ou desenvolvimento) – Nessa parte do enredo é que começa a se instaurar o conflito.
O clímax – Trata-se do momento culminante da narrativa, aquele de maior tensão, no qual o conflito atinge seu ponto máximo.
O desfecho – Conferidos toda essa tramitação, é chegado o momento de partirmos para uma solução dos fatos apresentados. Lembrando que esse final poderá muitas vezes nos surpreender, revelando-se como trágico, cômico, triste, alegre, entre outras formas.
Tempo – Revela o momento em que tudo acontece, podendo ser classificado em cronológico e psicológico.
O tempo cronológico, como bem retrata a origem do vocábulo, é marcado pela ordem natural dos acontecimentos, ou seja, delimitado pelos ponteiros do relógio, pelos dias, meses, anos, séculos. Tendem a desencadear uma sequência linear dos fatos.
Já o psicológico é voltado para os elementos de ordem sentimental dos personagens, revelado pelas emoções, pela imaginação e pelas lembranças do passado. Notamos que nesta ocorrência, a tendência dos acontecimentos é fugir da ordem natural em que muito se aplica uma técnica denominada de flashback, a qual consiste num fluxo de consciência em voltar ao tempo, de acordo com as experiências antes vividas.
O espaço – É o lugar onde se passam os fatos. Caracteriza-se como físico (geográfico), representados por ruas, praças, avenidas, cidades, dentre outros; e psicológico, referindo-se às condições socioeconômicas, morais e psicológicas condizentes às personagens. Possibilitando, portanto, situá-las na época e no grupo social em que se passa a história.
















CONTO: O tempo e as jabuticabas

          Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
          Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
      Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
      Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. “Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
           Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo”. O essencial faz a vida valer a pena.                                                                 Rubem Alves

CONTO: ESPELHO
















Entre tantos espelhos já mirados. Aquele teve algo de mágico.  Era uma noite maravilhosa e os brindes já tinham sido feitos. O vinho era da melhor safra e os aperitivos requintadíssimos. O que mais poderia faltar? Os olhares ao se cruzarem transmitiram a paixão e o amor. Todos
os instantes deveriam ser vividos como preciosos. Foram muitos anos esperados para aquele encontro. A música tocando suavemente tornou o clima ainda mais propício. Foram noivos numa primavera da década de 90. Mas muitas pessoas e fatos os afastaram cruelmente. Lisa era o apelido que ele dera a ela. Apesar de toda a família sempre a chamar por seu nome de batismo. Beatriz Lisandra. A nobreza que a envolveu a vida inteira a fez soberba. Mesmo com tanta pompa. Cultivou o ar de menina e o coração sangrando de amor por Leonardo. Gentilmente chamado por Leo. Seu rosto não era mais de um rapaz. A barba grande já estava grisalha. E o seu sorriso era menos brilhante. Ao sabor do vinho e entre o calor da vontade de se abraçarem. Começaram a dançar no ritmo proposto pela música. E bem em frente ao espelho. Puderam contemplar dois amantes. Que mesmo contra os estragos que o tempo pode fazer. Carregaram nos corações: o mesmo jeito de amar.
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CONTO : Casa de Vô









      Todo avô toma remédio, usa dentadura e tira soneca depois do almoço. O meu, não. Não toma pílula nem xarope. E, à tarde, fica acordado, brincando comigo. Dentadura? Isso ele usa. Mas, de resto, é diferente.  Minha avó também não é igual as outras. Enquanto toda avó borda e faz bolo de chocolate, ela só costura para fazer remendos nas roupas e só cozinha no fim de semana. E quase nunca está em casa. De calça comprida (enquanto todas as avós do mundo usam saia), sai cedinho para trabalhar e nos deixa sozinhos. Daí, o guarda-roupa dela vira elevador. Basta eu entrar e me sentar nas caixas de sapatos para vovô encostar as portas e, como ascensorista, anunciar: 
     - Primeiro andar! Roupas e bonecas. Segundo andar! Balas de goma, móveis e crianças perdidas... 
      A parede da sala é transformada em galeria de arte com pinturas emolduradas em fita crepe e, o tapete, em tablado de exposição de botões raros, que jamais combinariam com qualquer roupa normal. 
      Ao cair da tarde, na garagem vazia, enquanto o papagaio e os cachorros conversam misturando latidos, uivos e risadas, ele espalha alguns pedacinhos de papel pelo chão. É a brincadeira do Pisei. 
      - Hã? Como assim?, pergunto. Essa é nova. 
Vovô explica sua invenção: 
      - Memorize onde estão os papéis. Feche os olhos e comece a caminhar. Tente pisar em cima deles. Pode ir perguntando "Pisei?" para facilitar. Ganha o jogo quem pisar em mais pedaços. 
Eu começo. 
       - Pisei?, pergunto, dando o primeiro passo, apertando os olhos. 
       - Não!
       - Pisei?, insisto mais uma vez, depois de caminhar um tiquinho. 
       - Não! 
      Ouço um barulho de chaves. Vovó chega, cansada, do trabalho. Diz "Oi". Sei que é para mim, mas não posso abrir os olhos para responder. É quebra de regra. 
      - Tudo bem, vó? Quer brincar de Pisei?, convido. 
      - Agora, não, minha riqueza. Vovó vai descansar. 
      Vovô continua a me guiar, já sentado na cadeira de praia, lendo o jornal. Não vi, mas escutei o barulho dela sendo armada e das folhas nas mãos dele.  Sigo. 
     _Pisei? 
     - Pisei? 
     - Pisei? 
     E nada. 
     Sinto meus pés tropeçarem em algo. Abro os olhos. Vovô, a minha frente, de braços abertos, pronto para um abraço de vitória. 
   - Mas eu não pisei em nenhum papelzinho, vô, digo, meio desanimada, mas já engalfinhada e feliz, nos braços dele. 
   - O vento foi levando tudo para o cantinho do portão, ele explica, sorrindo. 
    - E por que o senhor não me avisou? A gente poderia ter colado os pedacinhos no chão e recomeçado... 
    - Porque eu queria que a brincadeira terminasse com você perto de mim.
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